Um atum rabilho (Thunnus thynnus) com quase três metros foi detetado pela primeira vez em Sesimbra graças a uma rede de monitorização de investigadores do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve.
Os registos indicam que o animal frequentou as águas da reserva marinha Luiz Saldanha junto à serra da Arrábida no início de agosto do ano passado, por onde andou durante quase uma semana. David Abecasis, investigador do CCMAR, revela que registos de peixes destas dimensões “são pouco habituais, sendo este o primeiro naquela área” e que são um “ótimo contributo para o estudo desta espécie e das suas migrações”. O biólogo destaca que estes registos confirmam a importância destas redes de monitorização, como a European Tracking Network, para o conhecimento global dos mares e a partilha de informação entre especialistas de várias instituições mundiais.
Ao longo dos anos, vários projetos do CCMAR instalaram uma rede de monitorização que regista a passagem de animais marcados ao longo da costa portuguesa desde Sesimbra até Vila Real de Santo António. Os dados são registados e gravados quando o animal passa no alcance dos recetores submarinos, mas apenas podem ser acedidos quando os aparelhos são fisicamente recolhidos o que acontece “duas vezes por ano” e posteriormente tratados.
O exemplar registado foi marcado pela equipa de Barbara Block (Stanford University, EUA), em setembro de 2018, no golfo de St. Lawrence, no leste do Canadá, medindo na altura 2,55 metros. Nessa ocasião foi também colocado um marcador num outro atum com 2,34 metros que foi já detetado em julho de 2020 e em junho de 2021 na costa algarvia e em julho de 2021 no Estreito de Gibraltar.
O atum rabilho do Atlântico vive no Oceano Atlântico, no Mediterrâneo e no Mar Negro movendo-se em cardumes e fazendo grandes migrações para alimentação e reprodução.